Preservação de arquivo do jornal ‘Maria da Fonte’ é desafio no futuro

No encerramento das comemorações dos 125 anos do Jornal ‘Maria da Fonte’, Daniel Catalão, jornalista da RTP, deixou algumas preocupações relativamente à preservação dos arquivos digitais. Numa intervenção subordinada ao tema ‘Arquivos Digitais - Uma bomba relógio’, Daniel Catalão foi uma das presenças na segunda conferência do 125.º Aniversário do “Maria da Fonte”, realizada no passado sábado, no Theatro Club, na Póvoa de Lanhoso.


A par do jornalista da RTP, os trabalhos, moderados por Armindo Veloso, director do jornal ‘Maria da Fonte’, contaram com as intervenções de José Bento da Silva, professor da Escola Secundária da Póvoa de Lanhoso, e de António José Osório, docente e investigador do Instituto de Estudos e da Criança, da Universidade do Minho (UM).

Profundo defensor do digital, para o qual aponta como vantagens a rapidez de acesso, o acesso simultâneo, o acesso directamente do posto de trabalho e a preservação, Daniel Catalão deixou algumas preocupações quanto à sobrevivência dos documentos guardados digitalmente, no tocante às incompatibilidades e à obsolescência do hardware e software.
Na sua intervenção, o jornalista da RTP garantiu que “é preciso não só preservar os fichei-ros como garantir que conseguem ser lidos e interpretados pelos sistemas”.

Quanto ao futuro, e segundo o jornalista Daniel Catalão, os arquivos digitais representam uma preocupação muito grande quanto à forma como vamos guardar os nossos dados.
Garantir a sobrevivência dos documentos guardados e garantir a sua leitura, uma vez que uma parte corrompida num ficheiro pode inviabilizar a sua compreensão, são alguns dos desafios futuros.

Desde modo, a recuperação de dados e a sua legibilidade são os dois problemas que se apresentam à arqueologia digital.
Para garantir o acesso à verdadeira informação, Daniel Catalão alertou para a necessidade de preservação dos documentos originais.
“Acho que a arqueologia digital vai ser mais difícil e um desafio mais complexo e, provavelmente, com menos êxito que a arqueologia tradicional”, disse o jornalista da RTP, no final da sua intervenção.


Arquivo do ‘Maria da Fonte’: um acervo de conhecimento

“A revelação a partir do arquivo foi maravilhosa e fantástica. Emocionava-me com aquilo que descobria”, disse José Bento da Silva, professor da Escola Secundária da Póvoa de Lanhoso, na sua intervenção.

Profundo conhecedor do arquivo do jornal ‘Maria da Fonte’, ao qual acedeu para a elaboração das suas obras, José Bento da Silva, iniciou, em 1990, a consulta dos milhares de exemplares que integram a colecção do ‘Maria da Fonte’, naquela que considera ser, assim, “uma experiência fantástica” e “uma fonte fantástica, inesgotável, um cofre de ouro fantástico de informação sobre a vida social, a política, o teatro, a toponímia, desporto, crescimento e desenvolvimento, sobre a vida toda da Póvoa de Lanhoso e do concelho”.

“De facto, as suas páginas mostram a vida da comunidade e do concelho. Os jornalistas do ‘Maria da Fonte’ foram sempre jornalistas talentosos”, destacou José Bento da Silva.
“Lendo as suas páginas, eu sinto, leio, vejo e oiço a Póvoa de palpitar”, destacou o docente durante o debate.

“Arquivos locais e tecnologias digitais: recursos autênticos para aprender e criar passado, presente e futuro” foi o tema apresentado por António José Osório, da UM.
Apresentando exemplos de como a Internet alterou o projecto de vida de muitos portugueses, o docente da UM trouxe ferramentas que podem ser utilizadas para se levar o conhecimento junto dos mais jovens.
01-02-11 - Correio do Minho

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