Voluntárias ajudam a ‘vestir’ outros através da loja social

Conceição Ribeiro, 60 anos, e Elisabete Silva, 39 anos, são dois dos rostos que integram o corpo de voluntários da Póvoa de Lanhoso que prestam serviço comunitário. São beneficiárias de apoios sociais como o Rendimento Social de Inserção e, em troca, dão algumas horas diárias do seu ‘tempo livre’ à comunidade.


É na ‘Loja Social’ povoense que as duas ajudam naquilo que podem. Arrumar, pregar botões, fazer baínhas de calças, passar-a-ferro são algumas das tarefas que ali desempenham. O objectivo é que as peças de vestuário, pouco usadas, que ali são disponibilizadas às famílias mais carenciadas, sejam optimizadas e fiquem o ‘melhor possível’ para ser usadas de novo.

“Eu acho esta ideia muito boa”, garantiu Conceição à reportagem do jornal ‘Correio do Minho’. “Eu também sou beneficiada com os cabazes alimentares que a Câmara da Póvoa de Lanhoso dá a quem mais precisa e que me ajudam a compor o orçamento mensal e também levo daqui roupas em óptimo estado para vestir. Por isso, não me importo nada de ajudar também naquilo que posso”.

O desemprego é um dos grandes problemas que os povoenses enfrentam - tal como o resto do país - e que faz, consequentemente, que muitas famílias se dirijam à autarquia a pedir auxílio.
Elisabete Silva tem dois filhos, ainda em idade escolar, para criar e o único salário da família -ganho dia-a-dia pelo marido, torna-se “insuficiente” para as despesas mensais.
Também Elisabete é ajudada com medidas locais mais imediatas, beneficiando de alimentos e vestuário que vai arrecadando para a família.

“Só o que o meu marido ganha, não chega”

“Só o que o meu marido ganha não chega. Estes apoios que dão às famílias com poucos rendimentos são muito importantes e há muitos a precisarem”, confirmou a voluntária, que entende, também, esta ajuda que dá em troca à comunidade como “essencial” para ajudar, também, outras pessoas.

Na ‘Loja Social’ da Póvoa de Lanhoso a maior escassez de artigos é mesmo ao nível do vestuário e calçado para os jovens adolescentes - pois é para estes que as famílias com necessidades mais procuram ajuda. Mas também há falta de peças para homem.

Neste momento são já meia centena os povoenses que são beneficiários de várias medidas de apoio social, que dão em troca o seu trabalho em vários serviços, como a loja social, as hortas sociais, a vigilância nas escolas, serviço domiciliário aos idosos, limpezas em vários locais, entre outras tarefas importantes que ajudam, por sua vez, a que a comunidade se mantenha unida e vá subsistindo e ultrapassando estes tempos de crise económica.

Mas há uma outra dimensão que este projecto de voluntariado por parte de beneficiários de apoios sociais abarca: a de “responsabilidade social” - assim explicou Fátima Moreira, vereadora da Acção Social da Câmara da Póvoa de Lanhoso.

“Há cada vez mais beneficiários a querer e a procurar fazer serviço comunitário por sua própria iniciativa porque a maior parte destas pessoas quer mesmo mudar de vida”, sublinhou a responsável, que entende que esta dimensão deveria ser mais alargada ao resto do país com um “incentivo” adicional - que poderia ser, por exemplo, “mais 10 por cento de apoio financeiro a beneficiários de RSI que prestassem serviço comunitário”.
“O objectivo é que as pessoas o façam não por obrigação ou à força, mas como algo de positivo, que reforce precisamente esse projecto de mudança de vida”, considera a vereadora Fátima Moreira.

09-11-2011 - Correio do Minho

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